sábado, 25 de fevereiro de 2012

40 milhões de paulistas – João Mellão Neto


Ostento, na parede de meu escritório, uma preciosidade. Um quadro, com o poema Nossa Bandeira, a mim dedicado pelo autor, Guilherme de Almeida. Éramos contraparentes. Como um padrinho, ele se dava ao trabalho de ler as minhas poesias de adolescente e me augurava um futuro de escritor. Era um apaixonado por São Paulo e sua gente. Ele se emocionava ao falar de nossa terra. Eu ainda era menino. Somente anos mais tarde vim a compreender, à plenitude, o sentimento brioso daquele que foi o maior de nossos poetas.

Nascer em São Paulo é uma circunstância. Já ser paulista é um estado de espírito. São Paulo não nasceu em berço de ouro. Ao contrário, era a mais pobre das províncias do Brasil colônia. Mas o sentimento nativista, por aqui, brotou cedo. No salão nobre do Palácio dos Bandeirantes há um quadro que retrata a aclamação de Amador Bueno. Os paulistas queriam-no como seu rei. E isso se deu em 1640! Bueno recusou a coroa e, com isso, a nossa independência, como a do restante do Brasil, tardou mais quase dois séculos.

Portugal, a nossa metrópole, nunca se interessou por São Paulo. Fixou sua atenção, primeiro, no Nordeste, onde produzia cana-de-açúcar, e, depois, nas Minas Gerais, de onde extraía ouro e diamantes. O Rio de Janeiro também era importante, pois lá se instalou a capital da colônia. Órfãos da Coroa, aos paulistas só restou o caminho da aventura e do desbravamento. Por força das circunstâncias, a iniciativa privada, no Brasil, nasceu aqui. Sem nenhuma ajuda ou incentivo do Estado, foram as bandeiras os nossos primeiros empreendimentos. Homens rudes se associavam em grupos, levantavam a duras penas mantimentos e armas e partiam, audaciosamente, para o sertão desconhecido. Seu intento era apresar índios ou, quem sabe, encontrar pedras preciosas.

É fácil recriminar os bandeirantes. Alguns historiadores o fazem, relembrando que o objetivo das empreitadas era capturar escravos e, portanto, não era dos mais nobres. Mas há que entender que os paulistas, abandonados à própria sorte pelo Reino, não tinham alternativa. As bandeiras foram, isso sim, verdadeiros prodígios de empreendimento privado. Os seus membros, enfrentando todas as adversidades, desbravaram milhares de quilômetros continente a dentro e foi graças à sua obra que o Brasil triplicou o território que lhe havia sido concedido pelo Tratado de Tordesilhas. Se o Brasil é grande, é porque eles também o foram.

Como chegamos até aqui? Certamente não foi por favor de ninguém. Nunca fomos a capital do Brasil. Nenhum rei se fixou por aqui. Ao contrário. Há apenas dois séculos, a capital da província paulista era uma humilde vila de 8 mil habitantes, sem ouro nem pedras preciosas e, ainda por cima, afastada do litoral.

O que, então, transformou São Paulo na maior potência do Brasil? Em primeiro lugar, o espírito empreendedor, que, como vimos, está no DNA dos paulistas. Em segundo lugar, a resposta é gente. Gente da melhor qualidade. Gente que para cá imigrou, colonos estrangeiros que aqui entenderam de “fazer a América”. O café, até então uma cultura nômade, nos chegou pela exaustão das terras fluminenses. E aqui se fixou graças a essa abençoada gente, que sabia como preservar o solo e não se envergonhava de trabalhar pesado, ocupando o lugar que cabia aos escravos.

A cidade de São Paulo só viria a prosperar, de fato, a partir de 1870, após a construção da São Paulo Railway, a estrada de ferro que ligava as regiões produtoras de café ao Porto de Santos. Não houve favor nenhum. O governo do Brasil não investiu um único centavo nessa ferrovia. Em poucos anos, construída a ferrovia-tronco, foi o capital privado dos paulistas, unido à sua vocação empreendedora, que se encarregou de instalar trilhos por todos os cantos da então província.

As Estradas de Ferro Sorocabana, Paulista, Mogiana e várias outras foram construídas exclusivamente com recursos privados dos empresários paulistas.

E como São Paulo se industrializou? Novamente não houve ajuda do Estado. No início do século passado, os capitães da indústria paulista eram quase todos imigrantes. Italianos, portugueses, libaneses, gente que antes se dedicava ao comércio de café e que houve por bem empreender indústrias. Toda a infra-estrutura de São Paulo – ferrovias, portos, armazéns, estradas – foi construída com capitais privados. Dinheiro dessa gente. Dinheiro da nossa gente.

Décadas após, quando JK deu o arranque decisivo para a industrialização do Brasil, o parque fabril – em razão da estrutura já existente – acabaria, naturalmente, por se concentrar em São Paulo.
São Paulo, é bom que se diga, jamais explorou ninguém. Ao contrário. Acolheu de bom grado todos os brasileiros de outros Estados que para cá vieram em busca de um sonho. Eles logo incorporaram o espírito paulista. Eles também fazem parte do que chamamos de nossa gente.
Essa gente, que agora chega ao número de 40 milhões, é, sem dúvida, o maior patrimônio de São Paulo. Nós nos orgulhamos dela. Eu ainda me emociono ao ler os versos de Guilherme de Almeida:

“Bandeira de minha terra,
bandeira das treze listas:
são treze lanças de guerra,
cercando o chão dos paulistas!”

Meu padrinho, você tinha razão.

Fonte: Artigo publicado no jornal “O Estado de São Paulo” em maio de 2005

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

História das histórias de São Paulo - O Café no Oeste Paulista

Compreensível contradição

Júlio Bueno*

Eu iria iniciar esta nota com o título "Incompreensivel contradição", mas de relance eu pensei: não há nada de incompreensível nas contradições que os anti separatistas demonstram ao tentar, dia após dia, denegrir a imagem do movimento legítimo de paulistas e de suas ideias.

É bastante curioso ver como gostam de nos tachar de facistas, muito embora esses que assim procedem jamais leram O Estado Corporativo de Mussolini, muito menos qualquer outra obra apologética dos fascistas italianos ou de qualquer outro grupo político semelhante que tenha existido até hoje. Eles não sabem o que é o fascismo. Eles conhecem aquilo que eles próprios defendem como solução: o estado totalitário. Reflexo da mente esquerdopata, que nem mais sequer pode-se dizer esquerdista, por que já se trata no fim das contas de uma doença, uma legítima epidemia.

Anarquistas com suas mil e uma vertentes vivem a defender pelas universidades a liberdade, mais idealizada do que Proudhon ou Bakunin seriam capazes de fazer. No discurso inicial são espíritos mais livres do que Nietzsche poderia prever, mas no decorrer da história mostram seu verdadeiro lado: o apreço pela balbúrdia e pelo cáos e o incessável desejo de ver qualquer vestígio de civilização destruído.

É uma geração foucaultiana. Compadece-se com questões alheias (não digo sequer problemas alheios) e escanteiam os problemas que envolvem a si mesmo, o que no fundo é uma covardia, pois temem o enfrentamento que lhes atinja de fato. Foucalt defendeu a Revolução Islâmica no Irã, com seu Estado teocrático, autoritário, espancador de homossexuais (os tão defendidos homossexuais que em "casa" se defende contra a tirania da moral judaico-cristã do Ocidente...) e cometedor de outros crimes contra a humanidade. Pimenta no botico alheio é sempre um refresco de tamarindo.

Aqui em São Paulo há pseudo estudioso que defende o separatismo dos Bascos, dos Catalães, Galegos, Valencianos, Bretões, Milaneses e Lombardos, Abkázes, Dálmatas, Scânios, Flamengos, Porto Riquenhos, menos o de São Paulo e a pergunta que aqui coloco: ué, por que se defende tanto o separatismo dos outros e se é contra o de seu próprio Estados ?

A resposta é ao meu ver simples e hoje nada chocante para aqueles que observam as mentalidades de muitos deste rincão, mesmo não deixando de ser enojante. No fundo, quando estes defendem o separatismo de determinada nação o fazem pensando em ver a bagunça geopolítica e econômica, querem ver o fim do poder dos reis, dos presidentes e primeiros-ministros, querem ver, sobretudo, o fim e a consequente destruição do capitalismo.

O que São Paulo sempre representou ? A ordem, a liberdade com responsabilidade individual, os self-made mans, a tradição não arcaica, mas funcional, e em última instância o próprio capitalismo. O Brasil representa o estado senhor, pai e patrão, paternalista, que fez a "opção pelos pobres", opção que significa somente manter os pobres em sua pobreza; o Brasil é a terra dos "intelectuais", de uma intelligentsia que na verdade é uma burrítzia, como bem já ressaltou outrora o professor Meira Penna. Como é sabido pobreza (e não os próprios pobres) são o grande fetiche da esquerda.

São Paulo é lei e ordem. O Brasil é fetiche e demagogia.

*O autor é professor e vice-presidente do MRSP. Publicado inicialmente no Facebook.

Separatismo: ideia que vem de longe




Por João Nascimento Franco *


Nos idos de 1935, Alyrio Meira Wanderley publicou um livro apaixonado e corajoso denunciando a fatalidade separatista que pesa sobre o Brasil e que, segundo tudo faz crer, está amadurecendo neste final de século. Iniciando sua obra polêmica, cujo título era "As Bases do Separatismo", Wanderley escrevia que havia "em toda a extensão disso que se costuma chamar Brasil, um mal estar nunca visto". E continuava desenhando um quadro que poderia ser datado de hoje: "A população encontra-se na miséria e a bancarrota assaltou o governo. É uma nação como que anistiada pelos credores: três vezes, aflita e pálida, a corda na garganta, recorreu à mesericórdia financeira das moratórias. E parece um lençol, polido e multicor, puxado furiosamente para este e para aquele lado pelas discórdias regionais, no violento jogo dos interesses centrífugos, prestes e rasgar-se em cinco pedaços".

Acusado de pretender agradar a São Paulo, Wanderley reagiu que nada o prendia ao Sul e que seus compromissos eram apenas com sua pátria, o Nordeste: "Não tenho nesta terra ligações políticas com pessoa nenhuma, com associação nenhuma, nem com nenhuma facção ou partido. Interessa-me apenas o meu país, que é o Nordeste, e por ele e para ele trabalho quanto posso e como posso". (3) Passados mais de cinqüenta anos, continuam se repetindo em escala mais preocupante e mais indecorosa os fatos que o escritor paraibano apontava como prenúncio do desastre nacional. Tal como já aconteceu várias vezes, ainda há poucos meses, na vigência da. moratória que antecedeu a um acordo com os credores extremos, declarava-se "patrioticamente" que se lixassem eles, porque não se pretendia pagar dívida com sacrifício dos brasileiros. Calotes homéricos têm sido pespegados também aos credores da dívida interna.

O primeiro, pelo Sr. Dilson Funaro, no governo Sarney, aos poupadores da cademeta de poupança e de títulos análogos, através da "tablita", que sumariamente surrupiou a correção monetária dos valores investidos, a pretexto de que a inflação tinha sido extinta, apesar da evidência em sentido contrário... Mais tarde, no início do seu governo, o sr. Collor de Mello, submisso à diretriz traçada por economistas de primária formação e de duvidosas intenções, foi ainda mais radical, pois secamente confiscou os ativos financeiros acima de cinqüenta mil cruzeiros, para devolve-los bem mais tarde, atualizados por índices artificiosos e irreais.

Golpes semelhantes aconteceram sempre, a pretexto de se acudir a penúria financeira da União, monstro que suga insaciavelmente a economia nacional, através de várias dezenas de impostos, taxas, contribuições, empréstimos compulsórios jamais restituídos, etc. Em 1993, foi ilegalmente cobrado o Imposto Provisório sobre Movimentações Financeiras (IPMF), até que o Supremo Tribunal Federal sustasse a cobrança naquele exercício.

Contra referida sangria protestaram inutilmente as vítimas, enquanto juristas, sociólogos e economistas esclarecidos alertavam sobre a inconstitucionalidade e a lesividade do novo tributo, que voltou a ser cobrado em 1994 e que deveria ser extinto no fim do ano, mas que, continuou indefinidamente. Tentando justificar-se, o governo federal sustentava que sem aquele tributo era impossível jugular a inflação e, com ela, o "deficit" público. Em contrário falaram os bons tributaristas, alertando para o fato de que, operando em cadeia, o IPMF alimenta a inflação, agrava a que já existe, reduz o poder de compra dos salários, desorganiza a equação económica dos contratos de execução sucessiva e, em suma, estrangula a própria ordem pública.

Implementada essa escorcha, o govemo verificou que o rombo do Tesouro continuava escancarado. Para fecha-lo, pediu-se novo tributo, o Fundo Social de Emergência. No entretempo, foi aumentada a alíquota do Imposto de Renda, o que não impede que a União já esteja pleitando, via da revisão da Constituição, ainda mais dinheiro e até a redução da minguada aposentadoria dos que na vida inteira pagaram à Previdência Social na esperança de receber, na velhice, algum amparo.

Além desses fatos, ou talvez como consequência deles, aumentam o analfabetismo, a miséria, a insalubridade, o favelamento e a criminalidade. Impossibilitadas de extinguir os favelamentos existentes e de evitar a formação de outros, as autoridades federais, estaduais e municipais falam em “urbanizá-los". Por isso, recente ex-prefeita de São Paulo chegou até a idealizar a implantação de favelas junto às áreas nobres da capital...

Esse descalabro não é de hoje, nem é novidade. É simples e lógico resultado da corrupção e do atraso que dominavam o Brasil já no século passado, quando outros países nas mesmas condições e com idade igual à nossa tomavam o rumo do desenvolvimento. Paulo Prado registrou essa constante da vida brasileira, com palavras que poderiam ser datadas de hoje: "Na desordem da incompetência, do peculato, da tirania, da cobiça, perderam-se as normas mais comezinhas na direção dos negócios públicos. A higiene vive em grande parte das esmolas americanas, a polícia, viciada pelo estado-de-sítio, protege criminosos e persegue inocentes; as estradas de ferro oficiais, com os mais elevados fretes de mercado, descarrilam diariamente ou deixam apodrecer os gêneros que não transportam; a lavoura não tem braços porque não há mais imigrantes; desaparece a navegação dos rios; a cabotagem suprime o comércio litorâneo; o dinheiro baixa por decreto, e o ouro que o deve garantir não nos pertence." (4)

Por tudo isso é que, depois de ter sonhado com o ingresso no Primeiro Mundo, o país se avizinha dos limites do quarto mundo, fato que explica a "africanização" da diplomacia praticada pelo Ministério da Relações Exteriores, a formação de uma comunidade com Angola e Moçambique (Sem depreciar estas comunidades). Em suma, o Brasil caminha a reboque do mundo desenvolvido, com insignificante e decrépita rede ferroviária, lastimáveis rodovias como a Via Dutra, a RB-116, a Fernão Dias, para não se falar nas deterioradas estradas do Norte e Nordeste, no estrebuchamento do Lloyd Brasileiro, cujos navios chegaram a ser penhorados e retidos em portos estrangeiros por falta de pagamento de débitos. Por sua vez, as empresas aéreas brasileiras sobrevivem à custa de empréstimos, subsídios e tarifas protecionistas que mantêm no ar aviões com as cores brasileiras, mas que lesam os passageiros, que poderiam viajar por preços sensivelmente menores que os anualmente cobrados.


Publicado no grupo do MRSP por Celso Deuscher

* J. Nascimento Franco In “Fundamentos do Separatismo”, Panartz São Paulo, 1993. O autor é Advogado e Constitucionalista em São Paulo.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Expediente nº 1

Aos paulistas de bom coração, que a esta gentil terra tão grandemente devotam, prestam-lhe homenagens. Às gentes que aqui vivem e que com o anos adotaram São Paulo como sua pátria. Eis aqui uma voz legitimamente representativa, a trazer as novidades de São Paulo e a promover as notícias como elas realmente são e análise crítica e compromissada somente com a verdade.

Aqui o ufanismo é patriótico e não aparvoado. Tem sentido e tem função bem claras: honrar e dignificar São Paulo e o seu povo. Nosso carácter é independente de coloração ideológica, pensamento partidário e afins, basta ser um nacionalista paulista e está de ótimo tamanho. Vamos paulistas rumo a liberdade, com informação e verdade !